quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

AVALIAÇÃO: YAMAHA FAZER É A PRIMEIRA 250 FLEX


Yamaha Fazer 250 flex (Foto: Yamaha)
A Fazer é o que se pode chamar de moto com muita estrada rodada. Em outras palavras, trata-se de uma veterana nas linhas de montagem, madura em acertos e soluções. Lançada em 2005, foi a primeira moto injetada de baixa cilindrada do Brasil. Logo em 2006, deu origem a uma versão trail, a Lander. Esta por sua vez originou, no final de 2010, o lançamento da bem-sucedida Ténéré 250.
Também em 2010 a Fazer recebeu fôlego extra, com uma completa e bem-vinda reestilização, com direito a ganhar visual inspirado na irmã maior, a XJ6 (de 600 cc). Além do novo farol, vieram leds na lanterna e balança da suspensão traseira com rolamentos.
Agora é a vez da Fazer revolucionar no mercado das street até 300 cc (no qual a Honda CB 300 é líder) como a primeira 250 cc flex do mundo. Autoesporte avaliou a nova versão Blue Flex, que custa R$ 11.690 – exatos R$ 411 a mais que o modelo somente a gasolina, que segue à venda. Será que vale pagar a diferença?
Yamaha Fazer 250 flex (Foto: Yamaha)
Etanol, por favor!
O motor monocilíndrico de 249 cc é de grande simplicidade mecânica. Considerado robusto pelos reparadores e mídia, tem duas válvulas no cabeçote, pistão de alumínio forjado revestido com cerâmica (para dissipar melhor o calor) e radiador de óleo frontal.
A taxa de compressão, baixa até para uso de gasolina, 9,8:1, permanece inalterada na versão flex. O mesmo vale para a potência máxima (21 cv a 8.000 rpm) e o torque (2,1 kgfm a 6.500 rpm). Porém, o acerto para rodar com etanol, gasolina, ou a mistura de ambos, ficou muito bom. Em dias frios, abaixo de 13º C, é recomendável adicionar cerca de 4 litros de gasolina ao tanque de 19,2 l –principalmente para ajudar na primeira partida do dia.
Para o condutor se situar em relação à mistura no tanque, a nova versão traz a lâmpada Blue Flex (que empresta o nome à versão) no painel. Demais alterações para suportar bem o etanol foram o uso de nova vela de ignição, tanque com tratamento de zinco e um pré-filtro no interior do reservatório. A central de injeção, por sua vez, é mais moderna, a fim de poder controlar melhor a queima.
Yamaha Fazer 250 flex (Foto: Yamaha)
Rodamos mais de 600 km com a Blue Flex, metade deste percurso usando cerca de 70% etanol na mistura. O resultado foi positivo: em um dia com temperatura de 14º C, a primeira partida foi feita sem problemas, e de quebra, notamos uma Fazer mais esperta. Embora o pico de torque não mude, ela parece mais ágil, especialmente rodando em baixos regimes de giro – entre 3 mil e 5 mil rpm. A autonomia, no entanto, cai em torno de 25%. Portanto, em viagens longas acaba não valendo a pena usar o combustível vegetal.
De resto, a Fazer mostra-se uma moto bem acertada em ciclística, seja para uso diário ou viagens. Esguia, passa bem pelos dos carros, e esterça bastante para vagas apertadas e manobras. A posição de pilotagem é alta e relaxada, enquanto o câmbio de cinco marchas é macio e preciso nos engates.
No quesito suspensão, temos uma moto das mais bem acertadas na categoria até 300 cc: a Fazer absorve bem imperfeições, contorna curvas com maestria e os freios atuam com segurança. O disco traseiro, porém, pede perícia em frenagens rápidas, pois tende a travar com certa facilidade.
Yamaha Fazer 250 flex (Foto: Yamaha)
O conjunto óptico renovado, potente, agrada à noite, enquanto a lanterna de leds dá um toque de requinte. O painel com conta-giros de ponteiro e o restante em visor digital é de fácil leitura. No escape, o protetor agora de plástico auxilia no baixo peso da moto (154 kg em ordem de marcha) e, o melhor: não esquenta! A única ressalva na ergonomia fica para o banco com espuma muito densa, um pouco dura para os mais magros. Com alças laterais, o garupa vai bem e é possível prender bagagens sem problema.
Conclusão
Com sete anos de mercado, a Fazer desfrutava de uma posição de vendas relativamente tímida para suas características. Como tecnologia, a versão Flex cumpre com as expectativas, embora pudesse agregar maior performance – ao menos usando etanol. Porém, tem tudo para aumentar as vendas.
Etanol mais barato seria a resposta para unir o útil ao agradável, algo que ainda pode acontecer. A versão Flex está disponível somente nas cores preto e prata – na gasolina há também o roxo e vermelho – e a garantia é de um ano sem limite de rodagem.
Diluindo o maior custo
A versão Flex da Fazer custa exatos R$ 411 a mais em relação à somente a gasolina. Atualmente, mesmo com o etanol caro, é possível diluir o maior preço da versão com o tempo, conforme simulamos a seguir.
Na cidade de São Paulo, onde o etanol pode ser encontrado a cerca de R$ 1,60, contra R$ 2,50 da gasolina comum, há uma pequena economia ao usar o combustível derivado da cana. Levando-se em conta um consumo urbano de 23 km/l usando apenas etanol, ao valor de R$ 1,60 o litro, cada km rodado custa R$ 0,069.
Com gasolina a R$ 2,50 o litro e uma média de 29 km/l, gasta-se R$ 0,086 a cada km rodado. Ou seja, uma diferença pequena, de apenas R$ 0,017 de vantagem para o etanol. Para diluir o investimento de R$ 400 extras da versão Flex, seria necessário rodar quase 24 mil km.
Outra vantagem notável em versões Flex, seja de carro ou moto, é a maior liquidez na hora da revenda, por conta da tecnologia agregada. Vale lembrar que atualmente o etanol só é vantajoso em três estados brasileiros: São Paulo, Mato Grosso e Goiás – segundo pesquisas feitas pela empresa Ticket Car.

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