terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Segmento de motos terá crescimento tímido em 2013


Produção e vendas no atacado devem crescer 3,7% e 2,4%, respectivamente, em 2013, prevê Abraciclo
“Ainda bem que o ano está acabando. Chegamos ao fundo do poço. Pior impossível. 2012 foi uma experiência amarga para o mercado de duas rodas, principalmente para as marcas que vendem motos de baixas cilindradas. No final do ano passado prevíamos um crescimento de 5% para o setor. Mas, na realidade, perdemos ou deixamos de vender cerca de 440 mil unidades em 2012”. Esta análise pessimista do segmento de duas rodas foi feita hoje, 6 de dezembro, por Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo (associação que reúne os fabricantes de motocicletas), durante a última coletiva de imprensa do ano. Neste panorama de letargia, a entidade projeta um tímido crescimento para o ano que vem – 3,7% na produção e 2,4% para as vendas no atacado.
Nos 11 primeiros meses do ano foram emplacadas 1.499.509 motocicletas, contra 1.747.025 unidades licenciadas no mesmo período do ano passado. Isso representa uma retração de 14,17%. Já em novembro os emplacamentos atingiram 121.779 unidades contra 134.727 de outubro, recuando 9,6%. Mesmo com dois dias úteis a mais no mês anterior, a média diária ficou praticamente estável, com 6.089 motocicletas contra 6.124 de outubro. Na comparação com novembro de 2011, as vendas retraíram 26,93% (166.640 motos).
O mercado de motos de baixa cilindrada foi o que mais sofreu pela falta de crédito
Historicamente, o segundo semestre apresenta um desempenho de vendas melhor que o primeiro. Mas este ano não houve reação, ou seja, as medidas não surtiram muito efeito. “Nossa perspectiva é de um ano melhor para o segmento e acreditamos que a média diária de vendas seja mantida no mesmo patamar dos últimos cinco meses, acima de 6.000 unidades. As linhas de crédito oferecidas pelos bancos públicos, ajudaram a estabilizar o mercado, evitando novas quedas acentuadas”, analisa Fermanian.
O executivo completou dizendo que esta ajuda demorou a chegar e que a ação não surtiu o efeito desejado, que também era a de atrair bancos privados para injetar dinheiro no segmento de duas rodas. Outros dois fatores ainda emperraram o crescimento do setor: alto nível de endividamento das classes C, D e E e alto índice de inadimplência do setor automotivo, que hoje gira em torno de 6%.
Por outro lado, Fermanian afirma que apesar do baixo índice da aprovação de fichas cadastrais para financiamento – de 10, apenas duas são aprovadas -, as concessionárias estão com um bom fluxo de clientes. Isso quer dizer que há demanda. “Outras sete, oito pessoas querem comprar uma motocicleta. Se as regras fossem um pouco mais flexíveis e com taxas de juros menores, teríamos outro panorama para este final de ano”.
O mercado de motos acima de 500cc, em contrapartida, cresceu 10% em 2012
Na contramão dos resultados negativos do mercado interno de baixas cilindradas, as motos acima de 500cc vêm apresentando excelentes resultados. BMW, Harley-Davidson, Kawasaki e Honda que o digam. O segmento de motos Premium teve um crescimento de 10% em 2012. A previsão é que entre janeiro e dezembro sejam emplacadas cerca de 50 mil unidades acima de 500cc.
Nesta faixa de cilindrada, o perfil do cliente, na grande maioria das vezes, já tem crédito aprovado. Dessa forma, não faltam linhas de crédito para consumidores das classes A e B. Neste segmento, Harley e BMW já bateram recordes históricos de venda no País. Aliás, as marcas foram as únicas associadas da Abraciclo a apesentarem desempenho positivo em 2012.
Exportações cresceram quase 50%, mas não foram suficientes para salvar o mercado de uma retração em relação ao ano passado
A produção acumulada até novembro ficou 20,2% abaixo da contabilizada no mesmo período do ano passado, com 1.623.809 motocicletas contra 2.035.124. No último mês, apesar do ligeiro crescimento de 3,3% em relação a outubro, passando de 133.311 unidades para 137.747, o resultado ainda foi 29,6% inferior ao registrado no mesmo mês de 2011 (195.599).
“Com base nestes dados, estimamos fechar o ano com uma retração de 20% na produção e nas vendas no atacado, que foram de 2.136.891 e 2.044.532 unidades, respectivamente, em 2011. Desta forma, o segmento volta ao patamar de 2009, quando também foi impactado pela crise econômica mundial”, conclui Fermanian.
Já as exportações tiveram crescimento neste ano. De janeiro a novembro totalizaram 95.503 unidades vendidas ao exterior, correspondendo a um salto de 48% em relação a igual período de 2011 (64.546 unidades).

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