segunda-feira, 9 de julho de 2012

Nova Dafra Next 250 enfrenta a líder Honda CB 300R.



Chegou o momento em que todos esperavam, inclusive eu. Fiquei ansioso quando os funcionários da Dafra tocaram a campainha para entregar a pequena Next 250, um dos principais lançamentos do ano. Por sinal, de pequena a nova naked não tem nada. Para sanar todas as expectativas que o modelo gerou nos amantes das suas rodas fizemos mais do que uma simples avaliação. Testamos o modelo na estrada e na cidade e comparamos a novidade com o modelo mais antigo e líder de mercado: a Honda CB 300 R. Quais são as vantagens de cada uma? Valores? Consumo? Descreveremos prós e contras abaixo.
Em primeiro lugar, preciso dizer que fiquei muito satisfeito com o rendimento da Next em vias urbanas. O motor monocilíndrico, 4 tempos, responde muito bem em todas as marchas (ter seis é um diferencial). Sobra potência com seus 25 cv para arrancadas rápidas, que tem como diferencial ser único entre os concorrentes a contar com refrigeração a água. Você poderá rodar por quilômetros a fio e não sentirá aquele calor desconfortável nas pernas.
Uma coisa que me agradou bastante foi o capricho dos mecânicos com o desenvolvimento dos detalhes do acabamento da moto. Além de ser linda, ela conta com pequenas carenagens de material de excelente qualidade e um protetor de farol (outro diferencial do modelo). O painel oferece todas as informações básicas e adicionais que o piloto pode precisar. Além dos itens comuns à CB, duplo hodômetro, velocímetro digital, conta-giros, marcador de combustível e relógio, a Next tem indicador de marcha, de temperatura da bateria e data da próxima troca de óleo. Tudo digital! O painel conta ainda com um marcador que registra a velocidade máxima alcançada (algo meio inútil, mas tem).


Acho que de todos esses itens, o mais interessante é o indicador de marcha engatada, principalmente para o uso urbano. É bom parar no farol e saber com certeza qual marcha está engatada. Ainda falando do painel, o marcador luminoso do pisca me incomodou um pouco. Há somente uma luz do lado esquerdo que não indica para qual sentido foi acionado. Por diversas vezes quando fui dobrar à direita, conferi por uma segunda ou ainda uma terceira vez se tinha dado o sinal para o lado certo. Talvez depois de algum tempo a gente se acostume com essa característica. Mas nos primeiros dias rodados isso é bem incômodo.
As 50 cilindradas a menos que a CB não afetam em quase nada o desenvolvimento da Next. As duas motos alcançam praticamente a mesma velocidade final e têm respostas semelhantes nas primeiras e últimas marchas. Uma desvantagem da Next para a CB é a maneabilidade. O modelo da Dafra parece um pouco duro, apesar dos 156 kg em peso seco. Fato é que ela esterça bem menos que a sua concorrente e muitas vezes é preciso ‘manobrar’ para mudar de faixa. Um inconveniente que poderia ter sido corrigido antes do lançamento.


Os freios a disco são tão bons quanto os da CB 300. O dianteiro ainda conta com quatro regulagens no manete. Eles só perdem para a versão concorrente com C-ABS. A Dafra poderia ter fornecido esta opção para os usuários mais exigentes que prezam por segurança. Ponto para a Next são as suspensões. O conjunto bem equilibrado amortece bastante os impactos encontrados pelo percurso. E a dianteira, telescópica com curso de 110 mm, supera de longe a dureza da suspensão da CB (falarei mais adiante sobre ela).
A posição de pilotagem é mais esportiva, mas não deixa de ser confortável. Destaque para o assento: tem formato anatômico e é mais macio que o da rival. Os retrovisores são altos e passam facilmente pelo dos carros no corredor, outra boa característica da moto para o uso na cidade.

Entretanto, os projetistas da Dafra esqueceram de pensar no garupa e levaram mais em conta o design. Os pedais de apoio dos pés são muito altas, e assim as pernas do garupa ficam em um ângulo desconfortável. Isso sem falar na alça de apoio, que tem uma pegada que machuca a mão. O assento também é pouco confortável. Já a suspensão traseira Monoshock, com 125 mm de curso, amortece bem o impacto.

Na estrada, a Next ficou um ponto à frente da CB no quesito conforto. Rodei por duas horas e meia seguidas e não tive necessidade de fazer nenhuma parada para descansar. Realmente o assento é bem macio, como comprovei em tiradas curtas na cidade. Exigindo o máximo do motor, a moto fez um total de 21,3 km/l. Ponto negativo que encontrei foi o sistema de iluminação. Em viagens à noite, o farol dianteiro oferece pouca abrangência e a luz alta menos ainda. Então cuidado ao percorrer por rodovias ermas.
Falemos agora um pouco sobre a CB 300 R. Logo que sentei no modelo da Honda recordei da antiga CB 450, lá da década de oitenta, moto que muito andei na minha juventude. Com poucos minutos rodados percebi uma das características mais marcantes da moto: a suspensão dianteira bem dura. Sim, passados mais de 20 anos, a Honda não corrigiu este pequeno desconforto na pilotagem. Desleixo? Talvez não. Muitas pessoas podem preferir uma suspensão mais esportiva, mais adequada para a utilização em pistas extremamente lisas. Mas este não é o meu caso, e a princípio, também não é o foco do modelo.


Posso dizer que a CB 300 R se sai muito bem no uso urbano. As suas 291,6 cilindradas reais são mais do que suficientes para a pilotagem na cidade. Leve e estreita (pesa apenas 148 kg a versão com C-ABS e tem largura de 745 mm) ela é perfeita para o trânsito mais sobrecarregado e é muito fácil para manobras rápidas (como para trocar de faixas). Com 26,3 cavalos, não falta potência para pequenas ultrapassagens. Mas nada de querer bancar o velocista.
O câmbio é eficiente e apresenta marchas mais longas. Algumas vezes encontrei dificuldade de subir de marcha, dando aquela tradicional engatilhada com o acelerador. Mas ocorreram de forma pontual e espero que outros usuários não tenham encontrado essa mesma característica. Por sinal, o acelerador é bem sensível e um tanto irregular quando é necessário andar em velocidades bem reduzidas, principalmente quando se troca constantemente do ponto morto para a primeira.


Talvez o maior diferencial da CB 300 R sejam os freios. Ela possui disco simples na dianteira e na traseira e o sistema C-ABS, que garantem muita segurança na pilotagem. Para os detalhistas, o painel é bem completo: medidor de gasolina, indicadores de ponto morto, luz alta, piscas, relógio, duplo hodômetro, velocímetro digital e conta-giros. Mas tudo tem seus prós e contras. Não gostei da colocação dos piscas traseiros junto ao para-lamas. Outro detalhe que para mim remete a falta de capricho são as pequenas peças plásticas presas ao tanque como se fossem uma espécie de carenagem. São antiestéticas e podem se espatifar com o menor dos acidentes.
Uma coisa se pode garantir para as pessoas que pensam em adquirir esta moto. Ela realmente não esquenta de forma a incomodar o piloto. Ande a 140 km/h na estrada ou a baixas rotações na cidade e ela está sempre amena, sem queimar as pernas. Mas não se preocupe com os famosos estalos após desligá-la. Eles vão persistir por alguns minutos.


Já que toquei no assunto ‘estrada’, a CB 300 R quebrou uma antiga ilusão minha. O rendimento em velocidades mais elevadas cai bastante. Além de perder potência, o consumo médio vai às alturas. Registrei exatamente 20,5 quilômetros rodados por litro ao exigir bastante do motor. Esperava chegar aos 25. E por curiosidade, um frentista confirmou os números que a bomba registrou. Segundo ele, a sua CB 300, ano 2010, nunca passou dos 25 km/l na cidade, e na estrada bem menos.
Sei que uma naked não foi projetada para viagens mais longas, mas caso você contrarie essa regra, opte por um banco mais macio ou faça paradas frequentes para tomar um refrigerante na beira da estrada. A Honda poderia tranquilamente ter optado por um assento mais macio. E o que dizer do espaço para o carona? A suspensão traseira amortece bem o impacto. Mas a moto apresenta dois problemas graves. O primeiro é que os pedais do piloto e do garupa ficam muito próximos, e com isso os pés podem ficar sobrepostos. Já o segundo é ainda mais complicado. Devido à angulação do assento em relação às alças, quando a moto faz acelerações mais bruscas o garupa é arremessado para trás. Então cuidado para não perder a sua esposa pelo caminho.
As duas motos, na minha avaliação, recebem notas bem parecidas. Em questão de tecnologia, visual, consumo médio, conforto e preço a Next leva vantagem. Já em potência, torque, freios (no caso com o ABS) e maneabilidade, a CB vence com certa folga. Então cabe a você escolher o que acha mais importante. E sobretudo, faça um test-ride com as duas. Essa é a melhor forma para definir uma coisa importantíssima antes de fazer uma compra: afeição. E isso, só testando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário