sexta-feira, 22 de junho de 2012

História da Yamaha XT 600 Ténéré

Além da conta bancária, seus compradores eram selecionados pela altura: 89 cm do banco ao solo e 159,5 kg de peso (a seco) deixavam de lado muitos candidatos. Os aprovados, porém, desfrutavam de um grande desempenho (velocidade máxima de cerca de 155 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 7,5 s) e de suspensões e freios eficientes para sua proposta. Para a Yamaha, representava o ingresso em um território dominado pela Honda, o de motores a quatro tempos.

Renovação precoce O fato de ter sido lançada com o desenho já defasado, em relação ao modelo japonês, não deixava dúvidas de que a Ténéré brasileira seria logo remodelada — o que aconteceu na linha 1990, menos de dois anos após lançada. Vinha o visual do modelo 1988 estrangeiro, com dois faróis e uma ampla carenagem, que acomodava um novo e funcional painel, bem superior ao de instrumentos trapezoidais emprestado da DT 180Z.
Além da reformulação estética, em que os dois faróis davam um ar curioso, o modelo 1990 trazia painel e controles mais funcionais. As cores e grafismos conservavam o padrão da versão anterior

O tanque estava ainda maior, 24 litros, mas as tampas laterais eram mantidas do modelo antigo, ao contrário da estrangeira. Por outro lado, melhoravam os retrovisores, os controles elétricos do guidão (todos iguais ao da RD 350R) e a posição do afogador, além de o guidão estar mais elevado. O radiador de óleo era redimensionado, e o sistema de partida a pedal, eliminado. Como se esperava, a nova “roupa” a deixava ainda mais pesada — 170 kg a seco –, mas a melhor aerodinâmica trazia algum ganho em velocidade máxima.

Nossa única 600 permanecia sem concorrência nacional, mesmo com a chegada no fim daquele ano da Honda NX 350 Sahara. Apesar do estilo “desértico”, não passava de uma reedição da XLX 350R, bem mais compacta e sem o torque generoso de um grande monocilindro. Competição direta, apenas importada — e mais cara –, como a Kawasaki KLR 650 e, a partir de 1992, a Honda NX 650 Dominator.

Até o derradeiro modelo 1993, apenas mudanças em detalhes e na decoração. Pouco depois a XT 600E, de porte mais compacto, assumiria seu lugar


Nesse ano-modelo a Ténéré tinha a suspensão dianteira simplificada, perdendo o ajuste pneumático de pressão, e ganhava pequenas melhorias técnicas. Seu porte mantinha admiradores, que a Yamaha atendia com a importação da Super Ténéré 750, mas parte do mercado parecia voltada a outro conceito: o de motos mais esguias, ágeis e não tão pesadas, como a Dominator.

Com a implantação de um novo regime em Manaus, em 1993, que permitia a venda como “nacionais” de motos montadas com conteúdo quase todo importado, a Ténéré viu chegar o fim da linha. A Yamaha lançava aqui a XT 600E, mais compacta, com freio a disco traseiro e a mesma mecânica básica. Ainda nesse ano deixava o mercado o “camelo mecânico”, que homenageava em seu nome o deserto africano, hábitat natural dessas grandes motos.

Ficha técnica
XT 600Z Ténéré 1990

MOTOR – 1 cilindros, 4 tempos, refrigerado a ar; comando no cabeçote, 4 válvulas. Diâmetro e curso, 95 x 84 mm. Cilindrada, 595 cm³. Taxa de compressão, 8,5:1. Potência máxima, 42 cv a 6.500 rpm. Torque máximo, 5,1 m.kgf a 5.500 rpm. Um carburador; partida elétrica.
CÂMBIO – 5 marchas; transmissão por corrente.
FREIOS – dianteiro a disco; traseiro a tambor.
QUADRO – tipo diamante, com motor estrutural, em aço.
SUSPENSÃO - dianteira, telescópica pneumática; traseira, monomola.
PNEUS – dianteiro, 90/90 S 21; traseiro, 120/80 S 18.
DIMENSÕES – comprimento, 2,21 m; entreeixos, 1,45 m; altura do banco, 890 mm; capacidade do tanque, 24 l; peso a seco, 170 kg.
DESEMPENHO – velocidade máxima, 158 km/h; aceleração de 0 a 100 km/h, 7,5 s.
Dados de desempenho aproximados

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