quarta-feira, 27 de junho de 2012

Teste BMW G 650 GS Sertão


Quando a BMW apresentou a versão Sertão da sua caçula G 650 GS, no Salão Duas Rodas em outubro de 2011, parecia mesmo uma maquiagem numa moto existente. Isso é comum acontecer quando uma marca não tem lançamentos expressivos para apresentar num evento importante como esse. Naquela ocasião o diretor da BMW Motorrad, Rolf Epp, mostrou o modelo como um lançamento mundial.
Agora, seis meses depois do lançamento mundial, a empresa submete a Sertão ao teste real, nas estradas de terra da Serra da Mantiqueira, na região Sul de Minas Gerais na divisa com São Paulo. De fato, aquela primeira impressão de que era apenas uma versão sumiu. As pequenas modificações que a fábrica aplicou na G 650 GS deu à Sertão uma abordagem mais fora-de-estrada e a proposta é oferecer uma moto capaz de cruzar esse enorme espaço de terras brasileiras, as terras áridas do sertão, ou até mesmo das piores estradas, que não são poucas, disponíveis no nosso país.
A Sertão chegou ao Brasil levantando poeira
A Sertão chegou ao Brasil levantando poeira
Além do estilo mais agressivo, nas cores azul e branco da BMW, as modificações visaram aproximar a moto de um uso mais esportivo e aventureiro. Segue a linha Adventure da marca e está disponível também com os pneus Michelin T63, próprio para uso misto, com ótima aderência na terra e ainda compatível com boa performance no asfalto.
O desenho atualizado da G 650 GS com a aplicação das modificações adequadas ao espirito de aventura
O desenho atualizado da G 650 GS com a aplicação das modificações adequadas ao espirito de aventura
As modificações principais estão na suspensão de curso maior – ambas com 210mm de curso - o amortecedor com reservatório externo na traseira, um estabilizador na suspensão dianteira, extensões no paralama dianteiro e rodas raiadas em aros de alumínio – 21″ na dianteira e 17″ na traseira. O assento tem duas alturas: 860 mm (stardard) e 900 mm com acessório especial. Para-brisa alto, protetor do motor de alumínio e protetores das mãos completam o pacote por R$32.800,00 (tabela de abril/2012). Como acessórios opcionais a BMW oferece o sistema ABS, que pode ser desligado para uso na terra e uma ampla linha de outros acessórios, como malas laterais e bauletos específicos.
A apresentação que a empresa proporcionou aos jornalistas convidados não poderia ser mais envolvente. Um percurso por trilhas, estradinhas de terra e asfalto no entorno de Campos do Jordão (SP), com uma parada em Monte Verde (MG) para almoço e retorno. Foi realmente uma excelente oportunidade para testar a moto no seu habitat natural.
Saindo por trilha de calha dupla (passam carros) de Campos do Jordão até a rodovia SP-42, o percurso passou por São Bento do Sapucaí e Paraisópolis (SP), onde novamente o roteiro pegou uma estrada larga sem calçamento e com trânsito razoavelmente pesado, cheia de costela de vacas (ondulações em série, profundas). A estrada passou por Consolação (SP) e chegou em Cambuí (MG). De lá, pela rodovia Fernão Dias (BR 381) o acesso a Camaducaia (MG) foi por uma estradinha de terra e então para Monte Verde (MG).
Mapa do percurso entre Campos do Jordão SP e Monte Verde, MG
Mapa do percurso entre Campos do Jordão SP e Monte Verde, MG
A volta foi por outro caminho para Campos do Jordão, saindo à esquerda no asfalto que liga Monte Verde à rodovia Fernão Dias. Já de noite, o comboio passou por São Francisco Xavier (SP) até o asfalto da SP-050 para Monteiro Lobato e finalmente Campos do Jordão. Foi um total de 270 Km, metade aproximadamente em terra.
A descrição detalhada deste percurso tem a finalidade de elucidar aos leitores que o trajeto foi muito bem elaborado para testar de fato as qualidades da motocicleta (e dos pilotos) em situação real e eventual para quem tem esse tipo de moto. Nenhum aspecto da motocicleta foi esquecido, inclusive o uso dos faróis em percursos de terra noturno.
Nas estradas mais travadas foi possível testemunhar a agilidade e as respostas do conjunto pneus/suspensões. Apesar de a moto já ser um pouco pesada para esse tipo de trilha, ela se comportou muito bem e o motor potente fez a sua vez para levar a moto para as condições desejadas, nas curvas e em vários outros obstáculos. Dois trilhos de terra úmida e com folhas e gravetos, terra batida, arenosa e seca. No asfalto de boa qualidade os pneus Michelin T63 surpreendem porque permitem boa inclinação e estabilidade razoável, mesmo em velocidade.
Com o abuso na terra algumas motos quebraram o para-lama dianteiro
Com a vibração na terra algumas motos quebraram o para-lama dianteiro
De volta na estrada de terra mais larga, com bastante tráfego, a suspensão e os pneus T 63 Michelin novamente tiveram um papel preponderante na dirigibilidade da moto. Em pedras roliças e soltas o controle não ficou perdido como é usual, mas nas costelas de vaca, profundas e bastante presentes nesse tipo de estradas, a vibração foi tanta que o pára-lama dianteiro de algumas motos não aguentou e quebrou.
Questionada sobre o fato a BMW Motorrad Brasil  esclareceu: “O primeiro lote de produção das motocicletas modelo BMW G 650 GS Sertão, o qual continha as unidades apresentadas em seu lançamento à imprensa especializada, em Campos do Jordão, apresentou  um erro  ocasionado por um fornecedor na fabricação do seu para-lama. Todas as novas motocicletas produzidas em Berlim e as também montadas em Manaus sob o regime CKD sairão da linha de montagem com a correção devida deste fornecedor”.
A Sertão mostrou que não é apenas uma versão da G 650 GS. A BMW poderia até tratá-la como outro modelo, pois as poucas modificações técnicas se mostraram bem sensíveis (veja teste da G 650 GS) e de fato colocam a moto em melhores condições para quem vai encarar estradas de terra mais acidentadas e até algumas trilhas um pouco mais travadas. Como estratégia, a BMW amplia a gama de utilização do seu modelo de base e faz uma investida em aproximar sua “best-seller” com versões que se identificam com suas concorrentes – as Yamaha XT 660, Kawasaki Versys e Honda Transalp. Resta esperar e ver se o mercado enxerga da forma como a BMW imaginou. Ah… a saudável concorrência!
* O termo “carburação BMS-CII” se refere ao programa executado pela injeção eletrônica. Esse sistema melhorou a partida a frio e a resposta do acelerador

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