Honda CG 125 Fan enfrenta Dafra Riva 150 e Yamaha YBR 125 Factor (Foto: Caio Kenji / G1) |
Apesar de ser o nicho com maior fatia no mercado brasileiro, as motos de 125/150 cm³ representam 76% das vendas e produção do setor, informa a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo), o segmento fica em sua maior parte nas mãos de Honda e Yamaha. As duas japonesas são responsáveis por 97% das vendas nesta faixa de cilindrada e a vantagem da Honda é grande, com 89%, enquanto a Yamaha possui 8%, restando apenas 3% para as outras marcas. Para mexer com o setor das utilitárias, a Dafra trouxe ao Brasil a Riva 150, vendida no país desde o início do ano.
Além de ser completa e com visual mais moderno, o modelo produzido na China em parceria com a Haojue – marca que possui joint-venture com a Suzuki no país asiático – tem preço atraente: R$ 4.990.
Neste comparativo, a Riva enfrenta Yamaha YBR 125 Factor K (R$ 5.830) e Honda CG Fan 125 KS (R$ 5.280), moto que ocupa o posto de mais vendida no Brasil, com cerca de 30.000 unidades mensais. Além desses modelos, a própria Dafra tem outras opções na categoria das utilitárias, que são Speed 150 (R$ 4.490) e Apache 150 (R$ 5.990). A Suzuki possui duas motos na categoria, a Yes 125 (R$ 5.890) e GSR 150i (R$ 6.829), e a Kasinski é representada por Comet 150 (R$ 5.390). A Honda ainda tem CG 150 Fan e CG 150 Titan, ambos modelos mais top da categoria e que já possuem preços muito mais altos - a partir de R$ 6.380
Equipadas com injeção eletrônica e sistema flex de combustível, as 150 da Honda se encontram um patamar acima. Assim, a briga fica entre os modelos carburados e os principais do momento são: CG 125 Fan, YBR Factor 125 e Riva 150.
Mais bonitinha
Basta olhar e, mesmo quem não é perito em motos, logo dirá que a Riva possui o visual mais atual. Enquanto CG e YBR mantém a clássica cara de utilitária, o projeto recém-criado da Haojue mostra que as coisas mudaram. Seguindo a tendência da Titan 150, a Riva possui carenagens que envolvem o farol dianteiro e uma pequena bolha sobre o mesmo. As diferenças seguem com pequenas carenagens que envolvem o tanque – a YBR também faz uso do advento – e spoiler na parte inferior do chassi.
Com estas características, a Riva parece estar uma geração à frente de suas concorrentes. Ao passo que YBR e CG passam a impressão de terem parado no tempo. A atualização realizada pela Yamaha em 2008 gerou sobrevida ao conjunto, mas já carece de mais novidades. O mesmo vale para a CG, que mantém seu visual clássico e passou por face-lift em 2008.
Piscas, retrovisores e painel também mostram a juventude da Riva. Seu mostrador é misto de analógico e digital, enquanto YBR e CG utilizam modelos totalmente analógicos, com os tradicionais mostradores redondos. A CG nem mostrador de combustível possui.
Conquistando pelo pacote
Para atrair os consumidores, a Riva chega com apenas uma versão e pacote completo para a categoria. A moto possui partida elétrica, lampejador de farol, freio a disco na dianteira e rodas de liga-leve. Em comparação, as versões básicas de CG e YBR avaliadas são bem simples, ambas com rodas raiadas e com partida elétrica – este dispositivo é muito importante, principalmente em dias frios, quando as motos têm mais dificuldades em pegar. A Yamaha ainda tem lampejador e corta-corrente, item não presente na Riva.
Contudo, para aumentar os acessórios em CG e YBR o consumidor terá de desembolsar mais, e a YBR ED completa custa R$ 6.920, enquanto a Fan sai por R$ 5.780, e continua sem rodas de liga-leve, sem lampejador e corta-corrente. Contudo, a versão ED da Yamaha já passa a competir com a CG Titan por seu preço e performance.
Disputa parelha
Se colocar no papel os atributos da Riva, comparando seus acessórios e preço, as vantagens da moto chinesa são latentes. A grande questão ficou por conta de seu comportamento em movimento. Durante o primeiro contato do G1 com a Riva, no final de 2011, na China, a primeira impressão foi positiva. A ressalva havia ficado por contas dos pneus que não mostraram comportamento desejado, principalmente nas curvas.
Na ocasião, a moto tendia a inclinar muito rápido nas curvas e a aderência dos pneus CST chineses não mostrou-se muito eficaz. Já a versão avaliada no Brasil conta com os pneus Pirelli, o mesmo que sai de série com a moto, e as mudanças foram nítidas. A sensação de “mergulhar de uma vez” foi minimizada, assim como a aderência ao solo melhorada. Tanto YBR (Pirelli) e CG (Levorin) também tiveram bom comportamento dos pneus.
Ao rodar com as motos pela cidade e até pequenos trechos de estrada ficou nítido que, em relação ao comportamento, as três motos possuem conjuntos bem estruturados. A grande surpresa ficou por conta da Riva que não se mostrou distante das japonesas, apesar de ainda haver um caminho a percorrer. Com motor de 150 cm³, a Dafra foi a que passou a impressão de ter motor mais forte, seguida de YBR e Fan.
O modelo da Honda tem propulsor bem “amarrado”, mesmo assim, CG e YBR ainda são mais suaves em seu funcionamento, em comparação com a Riva, que é mais barulhenta e menos linear. Em contrapartida, os engates de marchas da Fan são mais consistentes. Na Dafra, os encaixes do câmbio mostraram-se menos precisos, em algumas ocasiões, as marchas chegaram a escapar. Neste quesito, a YBR mostrou certa rigidez nas trocas, mas manteve a precisão.
Ergonomia
Ao subir na CG fica nítido que a proposta da moto e ser um veículo para enfrentar o trânsito pesado das grandes cidades. Seu conjunto é mais enxuto, o que gera mais facilidade para cortar o trânsito e também certo desconforto para os mais altos. Na sequência aparece a Riva e depois a YBR, a que proporciona mais espaço para o motociclista se encaixar e é a mais confortável. Para o garupa, a Riva é a pior disparado – existem pouca espuma no assento, as pernas ficam demasiadamente flexionadas e o acesso às alças é ruim.
CG e YBR mostram conjuntos adequados para o transporte do passageiro, mesmo que não sejam extremamente confortáveis. As suspensões das três motocicletas estão bem adaptadas para a cidade, o que não é surpresa nenhuma para os modelos de Yamaha e Honda, já “velhos de guerra” nas ruas das grandes cidades brasileiras. A Riva também vai bem, mas os amortecedores são mais moles e transmitem menos estabilidade.
Se as japonesas ganham na suspensão, nas frenagens, o disco dianteiro da Riva faz a moto ser superior com acionamento mais contundente do sistema. YBR e CG, nas versões avaliadas, fazem uso do arcaico sistema a tambor no trem dianteiro, o que exige mais força no momento de parar e menor eficácia em casos de urgência. Na traseira, todas possuem freio a tambor.
Conclusão
Sempre que se fala de motos de origem chinesa no Brasil existe certo preconceito por parte dos consumidores. A Riva chegou para quebrar este paradigma e mostrou que seu conjunto pode brigar com as rivais das tradicionais marcas japonesas. Com grandes atrativos de preço, equipamentos e mesmo desempenho, o modelo da Dafra é o que apresenta melhor custo-benefício. Mesmo assim, os modelos de Honda e Yamaha ainda transmitem mais rigidez de conjunto.
Em curvas, trocas de marchas e superação de buracos nas vias, a 150 da Dafra ainda apresenta mais vulnerabilidade que as concorrentes, com mais torções do chassi. Apesar do comportamento bom, a Riva mostrou que precisa de alguns ajustes para alcançar a linearidade e estabilidade de YBR e CG e ainda resta saber como será a durabilidade da motocicleta. Em contrapartida, Factor e, principalmente a CG 125, sentem o peso da idade e precisam urgente de modernidade.
A Fan faz valer de sua confiabilidade para continuar a mais vendida, mas seu conjunto é simples demais – vide o painel e os punhos do guidão. Já a Factor faz uso dos mesmos artifícios da Honda e ganha por ter um pouco mais de sofisticação e oferecer conjunto confortável e eficaz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário