Fábrica da Yamaha em Manaus: em 2010 foram produzidas mais de 200 mil unidades; em 2012, até novembro, cerca de 150 mil
Hoje, a Yamaha Motor Company anunciou, no Japão, seu plano de gerenciamento a médio prazo para os próximos três anos (2013 – 2015). Segundo a empresa, após um período de reestruturação e estabilização dos lucros, o objetivo agora é expandir os negócios da empresa em grande escala, leia-se produzir e vender mais, além de aumentar sua lucratividade.
Porém, antes de revelar os planos da fábrica para os próximos anos, gostaria de relembrar dois acontecimentos recentes que presenciei. No início de 2011, a Yamaha convidou toda a imprensa especializada do Brasil para conhecer sua fábrica em Manaus (AM) e afirmar que queria crescer: o diretor presidente da Yamaha Motor do Brasil, Shigeo Hayakawa, chegou até a fixar 20% de participação no mercado de motos como meta para os próximos três ou quatro anos. Mas, desde então, pouco mudou. Tanto que o resultado parece ter sido o inverso. A empresa havia fechado 2010 com 208.923 unidades produzidas, o que representava 11,41% do setor. Mas em 2012, entre janeiro e novembro, a empresa produziu apenas 149.236 unidades. A queda em números absolutos não seria tão alarmante, já que o mercado como um todo recuou. Porém, também recuou a participação de mercado da fábrica japonesa: 9,19% das motos fabricadas no Brasil neste ano.
Outra cena, agora mais recente. Fui cobrir o Intermot 2012, o Salão de Motos na simpática cidade de Colônia, Alemanha, em outubro. Considerado um dos eventos mais importantes do mundo no setor de duas rodas – ao lado do Salão de Milão, na Itália – o Intermot contou com vários lançamentos de diversas marcas: as europeias BMW, KTM e Triumph mostraram suas novidades; assim como as também japonesas Honda e Kawasaki (principalmente) fizeram questão de levar novos modelos para Colônia. E a Yamaha? Pouco, muito pouco para a grandeza da empresa: apenas um reformulada FJR 1300 e o conceito de um novo motor de três cilindros. Entretanto, o ponto alto da coletiva de imprensa da marca japonesa foi a presença de Kunihiko Miwa, um dos chefões mundiais da Yamaha. Miwa veio do Japão explicar a notável timidez da marca nos últimos anos. “Vocês podem achar que não estamos desenvolvendo novos modelos e que esquecemos a Europa, mas não é assim”, iniciou seu discurso.
Estande da Yamaha em Colônia apresentou poucas novidades: além de novas cores, uma FJR 1300 reformulada
Esses dois acontecimentos, no fundo, demonstram a mesma coisa: a Yamaha parece que sabe que está ficando para trás, é óbvio. E sabe também que precisa fazer alguma coisa. Afinal, o lucro consolidado da empresa previsto para 2012 foi de 28 bilhões de ienes (cerca de 330 milhões de dólares), quase metade dos 53,4 bilhões de ienes em 2011. Assim como a venda de seus produtos: previsão de 6,7 milhões de unidades neste ano, contra as 7,4 milhões vendidas no ano passado.
Bom, dito tudo isso, vejamos quais são os objetivos da empresa até 2015. O comunicado oficial da Yamaha Motor Company Ltd. traça como meta a produção de 9 milhões de unidades de todos os seus produtos (portanto entram aqui, além das motos, os motores de popa, veículos elétricos, ATVs e side-by-side) em 2015. E também projeta um lucro consolidado de 80 bilhões de ienes. Meta ambiciosa, digamos.
Mas como a marca dos três diapasões quer chegar lá? Primeiramente, a Yamaha pretende superar as expectativas de seus consumidores com uma engenharia de excelência, estratégias de marketing de excelência e entrando em novos negócios. Passa ainda pela receita de sempre de eficiência gerencial: redução de custos, reformas estruturais e avanço na globalização. Ao menos na teoria, parece tudo certo. Vai ser preciso colocá-la em prática.
Quanto ao aumento da produção, a única estratégia clara no comunicado foi a introdução de novos modelos de motocicletas no segmento de 250cc – boa notícia para aqueles que esperam uma esportiva de 250cc da Yamaha para brigar com a Honda CBR 250R e a nova Kawasaki Ninja 300. Ainda entre as estratégias apontadas oficialmente pela matriz japonesa para o segmento de motocicletas estão: fortalecimento do mercado indiano, que tem demonstrado crescimento contínuo nos últimos anos; atender às necessidades dos consumidores dos países do sudeste asiático; e nos mercados desenvolvidos a Yamaha pretende fidelizar ainda mais seus clientes em economias que estão voltando a ser fortes, caso dos EUA, mas não necessariamente da Europa; e introduzir novos modelos e conceitos nesses países. Mas, peraí: e o Brasil?
Pois é, nenhuma linha, nenhuma menção ao nosso País. Enquanto Ducati, Triumph, BMW, Harley-Davidson, Polaris entre tantas outras marcas do segmento miram esforços no mercado brasileiro, a Yamaha Motor Company simplesmente não leva em conta nosso mercado que pode chegar a 4 milhões de unidades – o dobro do atual, segundo projeção do presidente da Moto Honda da Amazônia, Issao Mizoguchi. Talvez seja por isso que a Honda continue batendo suas asas com facilidade no mercado brasileiro de motocicletas: não contente com os atuais 80% de participação no mercado, a japonesa apresentou recentemente sete novos lançamentos para 2013. Enquanto a Yamaha traz o modelo 2013 da sua naked de 600 cc, um segmento mais que competitivo, para o Salão da Motocicleta e não conta pra ninguém.
Como jornalista especializado, torço para uma guinada na Yamaha do Brasil. Afinal, com um mercado competitivo todos temos a ganhar: nós com mais lançamentos para noticiar e o consumidor com mais motos para optar. Já como motociclista fã da Yamaha pela sua história e pela inovação de suas motos espero que a ausência do Brasil nesse plano para os próximos três anos seja por um motivo mais nobre, digamos. Os homens da casa de Iwata estão agora elaborando uma estratégia vencedora para que a marca ocupe no Brasil o lugar que merece: o de protagonista como quando fabricou a primeira moto “Made in Brazil” e não de simples coadjuvante
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