A comunidade do Vidigal, na Zona Sul do Rio de Janeiro, recebeu um visitante ilustre (e bastante radical) nesta semana. Julien Dupont, piloto francês de moto trial – modalidade do motociclismo popular na Europa, em que o objetivo é transpor obstáculos sobre duas rodas sem tocar os pés no chão em nenhum momento – esteve na Cidade Maravilhosa em busca de locais inusitados e inéditos para demonstrar sua habilidade em cima da motocicleta. Nada melhor do que as estreitas ruas e escadarias da recém-pacificada favela carioca para desafiá-lo.
Logo ao chegar ao Vidigal, a primeira coisa que chamou a atenção de Julien foi a receptividade das pessoas. “Em casa, todos me falavam ‘Você vai para a favela? Está maluco?! É muito perigoso!’ O que eu vi, assim que cheguei por aqui, foi o contrário. Todos me receberam muito bem; a energia e alegria das pessoas é algo contagiante”, revelou.
As construções da comunidade também despertaram a curiosidade de Julien, que comentou sobre a dificuldade de praticar o trial em espaços tão curtos, tornando a execução dos movimentos ainda mais difícil. “Tudo aqui é muito apertado, com pouco espaço. Não tem uma linha lógica. Você sobe e desce o tempo todo, sem contar que é tudo retorcido. É bem desafiador”, disse.
Se a felicidade da população foi algo que chamou a atenção do piloto de 32 anos, a coragem e habilidade de Julien eram o comentário geral por onde passava com sua moto. “Caraca! Olha lá o que o cara fez!” e “Esse cara é maluco!” eram algumas das frases mais escutadas no Vidigal entre segunda e quarta-feira.
Morador da comunidade há dez anos, William Santos, conhecido localmente como “Shakespeare”, acompanhou a movimentação durante todos os dias e ainda ajudou a mostrar pontos em que o atleta poderia executar suas manobras. A cada movimento, William se mostrava surpreso. “Olha... vou te dizer: moro aqui no Vidigal há dez anos e já vi muita coisa maluca aqui, mas o que esse cara faz é muito louco! É realmente um artista das duas rodas”.
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