A moto decola da cidade para flanar nas longas estradas
Os americanos têm boas expresses para definir certas coisas. A língua inglesa os favorece, com sua estrutura sucinta e objetiva. "Open road", por exemplo, é a sedutora ideia de viagens longas por estradas seguras, aquelas que quase sempre envolvem algum tipo de introspecção, mergulho interior. Na Street Glide, a experiência pessoal pode ser completada com a trilha sonora que você julgar mais inspiradora. Escolha a música, conecte seu MP3 (também CD ou rádio FM) e acelere - ela tem um belo sistema de som Harman Kardon, com dois alto-falantes e 20 watts por canal, 40 no total. Você ouve som ambiente - não estamos falando de fones de ouvido, proibidos por lei - com definição perfeita. Sim, a rua também ouve.
Esse é o reino da Street Glide, quase uma contradição com seu nome, que faz referência às ruas. Em uma tradução meio esdrúxula, Street Glide poderia ser o "planador das ruas", já que o verbo to glide é planar, deslizar, flanar por aí. Segundo a Harley, é o modelo da marca mais vendido no mundo. Não no Brasil, em que a Sportster 883 vende mais, seguida - e às vezes superada - pela charmosa Softail Fat Boy.
A FLHX pertence à família das baggers Touring, as motos construídas sobre o maior chassi da lendária marca norte-americana, equipadas com alforjes laterais fixos. Elas são oito versões nos Estados Unidos e apenas três no Brasil. Aqui há apenas a Road King Classic, de pouco mais de 59000 reais, a Street Glide, que custa quase 64000 reais, e a superequipada Electra Glide Ultra Limited, topo da gama em nosso mercado, de cerca de 73000 reais.
A Street Glide foi lançada em 2006, ainda com o motor V2 a 45 graus de 88 polegadas cúbicas (1442 cc) e câmbio de cinco marchas. No ano seguinte, o V2 foi para 96 polegadas cúbicas (1573 cc) e o câmbio ganhou uma marcha, com a sexta alongada, overdrive, para viagens - a transmissão final é por correia flexível dentada, um sistema que requer pouca manutenção e é silencioso e limpo (não exige lubrificação).
A moto tem pinta de antiga, reforçada pela carenagem "asa de morcego" desenhada por Willie G. Davidson e surgida pela primeira vez em 1969, aqui com um para-brisa fumê que desvia o vento por sobre o capacete. Mas esconde um monte de tecnologia.
A carenagem, preta por dentro, abriga os retrovisores e painel completo, de instrumentos redondos, de ponteiro. Inclui velocímetro, conta-giros, marcador de combustível, voltímetro, pressão do óleo e temperatura. O som, parecido com o de um carro, no centro, catalisa a atenção. Há também conector elétrico tipo acendedor de cigarros (que ninguém usa mais), para carregar aparelhos eletrônicos em viagem.
Os comandos nos punhos causam estranheza ao primeiro contato, principalmente os piscas em dois botões, um em cada lado. Pelo menos o sistema eletrônico se encarrega de desligá-los após a curva, uma boa. O piloto automatic é uma delícia na estrada vazia.
O acabamento de pintura da marca é seu ponto mais alto. A empresa assegura que seus tanques são polidos à mão. Metais, cromados e plásticos também mostram alta qualidade.
Na traseira, aletas preenchem o espaço entre os alforjes e o para-lama bem largo, escondendo o par de amortecedores. Não há nenhuma lantern central. As luzes de posição e de freio ficam ocultas nos dois piscas redondos, vermelhos, acoplados a um porta-placa cromado, com iluminação por leds.
A Street Glide recebeu no fim do ano passado (para o modelo 2012) o motor Twin Cam 103 (1690 cc), montado sobre quatro coxins de borracha para amortecer vibrações. O V2 a 45 graus tem 13,9 mkgf de torque.
A injeção de combustível é sequencial. Inclui um sistema de gerenciamento de temperatura em marcha lenta (EITMS) que corta o combustível e a ignição do cilindro traseiro em marcha lenta, no trânsito pesado, por exemplo. Isso reduz o calor do motor nos deslocamentos urbanos e a variação de temperature pode ser sentida mesmo nas pernas de piloto e garupa.
O sistema de alarme, por aproximação, dispensa o uso de chave, reservada para travas e malas laterais. O ABS é de série, e os sensores ficam escondidos no cubo da roda, um capricho visual.
A tocada é firme, estradeira - o banco de couro legítimo é um capricho. Não sou fã de andar com os pés avançados, pois o peso do tronco repousa sobre os glúteos, sem chance de ser aliviado pelas pernas em valetas e lombadas. Mas as plataformas são confortáveis para o apoio aos pés, e bem charmosas. Há plataforminhas retráteis para o garupa também.
O quadro é bem rígido, aguentando os 368 kg em ordem de marcha (com malas cheias, piloto e garupa, o conjunto pode chegar a mais de meia tonelada...) sem demonstrar torções e sacudidelas nas curvas. O conjunto de suspensões é previsto para tanto peso: os amortecedores traseiros são reguláveis com a injeção de ar comprimido, exatamente como se calibra um pneu.
Os pneus são de perfil baixo, com aro 16 na traseira e 18 na frente. Têm a marca do escudo e da barra em baixorelevo na borracha, um charme. Os freios são dois discos na frente e um atrás, todos mordidos com muito apetite por pinças Brembo de quarto pistões. O sistema ABS é dos suaves, entrando em ação apenas quando preciso, sem causar sustos ao motociclista.
A Street Glide é um degrau intermediário entre a Road King e a Ultra. Mais equipada que a primeira, menos complete que a segunda, tem a rara virtude do equilíbrio. Confortável em viagens com garupa, transmite muita imponência e firmeza na estrada.
Esse é o reino da Street Glide, quase uma contradição com seu nome, que faz referência às ruas. Em uma tradução meio esdrúxula, Street Glide poderia ser o "planador das ruas", já que o verbo to glide é planar, deslizar, flanar por aí. Segundo a Harley, é o modelo da marca mais vendido no mundo. Não no Brasil, em que a Sportster 883 vende mais, seguida - e às vezes superada - pela charmosa Softail Fat Boy.
A FLHX pertence à família das baggers Touring, as motos construídas sobre o maior chassi da lendária marca norte-americana, equipadas com alforjes laterais fixos. Elas são oito versões nos Estados Unidos e apenas três no Brasil. Aqui há apenas a Road King Classic, de pouco mais de 59000 reais, a Street Glide, que custa quase 64000 reais, e a superequipada Electra Glide Ultra Limited, topo da gama em nosso mercado, de cerca de 73000 reais.
A Street Glide foi lançada em 2006, ainda com o motor V2 a 45 graus de 88 polegadas cúbicas (1442 cc) e câmbio de cinco marchas. No ano seguinte, o V2 foi para 96 polegadas cúbicas (1573 cc) e o câmbio ganhou uma marcha, com a sexta alongada, overdrive, para viagens - a transmissão final é por correia flexível dentada, um sistema que requer pouca manutenção e é silencioso e limpo (não exige lubrificação).
A moto tem pinta de antiga, reforçada pela carenagem "asa de morcego" desenhada por Willie G. Davidson e surgida pela primeira vez em 1969, aqui com um para-brisa fumê que desvia o vento por sobre o capacete. Mas esconde um monte de tecnologia.
A carenagem, preta por dentro, abriga os retrovisores e painel completo, de instrumentos redondos, de ponteiro. Inclui velocímetro, conta-giros, marcador de combustível, voltímetro, pressão do óleo e temperatura. O som, parecido com o de um carro, no centro, catalisa a atenção. Há também conector elétrico tipo acendedor de cigarros (que ninguém usa mais), para carregar aparelhos eletrônicos em viagem.
Os comandos nos punhos causam estranheza ao primeiro contato, principalmente os piscas em dois botões, um em cada lado. Pelo menos o sistema eletrônico se encarrega de desligá-los após a curva, uma boa. O piloto automatic é uma delícia na estrada vazia.
O acabamento de pintura da marca é seu ponto mais alto. A empresa assegura que seus tanques são polidos à mão. Metais, cromados e plásticos também mostram alta qualidade.
Na traseira, aletas preenchem o espaço entre os alforjes e o para-lama bem largo, escondendo o par de amortecedores. Não há nenhuma lantern central. As luzes de posição e de freio ficam ocultas nos dois piscas redondos, vermelhos, acoplados a um porta-placa cromado, com iluminação por leds.
A Street Glide recebeu no fim do ano passado (para o modelo 2012) o motor Twin Cam 103 (1690 cc), montado sobre quatro coxins de borracha para amortecer vibrações. O V2 a 45 graus tem 13,9 mkgf de torque.
A injeção de combustível é sequencial. Inclui um sistema de gerenciamento de temperatura em marcha lenta (EITMS) que corta o combustível e a ignição do cilindro traseiro em marcha lenta, no trânsito pesado, por exemplo. Isso reduz o calor do motor nos deslocamentos urbanos e a variação de temperature pode ser sentida mesmo nas pernas de piloto e garupa.
O sistema de alarme, por aproximação, dispensa o uso de chave, reservada para travas e malas laterais. O ABS é de série, e os sensores ficam escondidos no cubo da roda, um capricho visual.
A tocada é firme, estradeira - o banco de couro legítimo é um capricho. Não sou fã de andar com os pés avançados, pois o peso do tronco repousa sobre os glúteos, sem chance de ser aliviado pelas pernas em valetas e lombadas. Mas as plataformas são confortáveis para o apoio aos pés, e bem charmosas. Há plataforminhas retráteis para o garupa também.
O quadro é bem rígido, aguentando os 368 kg em ordem de marcha (com malas cheias, piloto e garupa, o conjunto pode chegar a mais de meia tonelada...) sem demonstrar torções e sacudidelas nas curvas. O conjunto de suspensões é previsto para tanto peso: os amortecedores traseiros são reguláveis com a injeção de ar comprimido, exatamente como se calibra um pneu.
Os pneus são de perfil baixo, com aro 16 na traseira e 18 na frente. Têm a marca do escudo e da barra em baixorelevo na borracha, um charme. Os freios são dois discos na frente e um atrás, todos mordidos com muito apetite por pinças Brembo de quarto pistões. O sistema ABS é dos suaves, entrando em ação apenas quando preciso, sem causar sustos ao motociclista.
A Street Glide é um degrau intermediário entre a Road King e a Ultra. Mais equipada que a primeira, menos complete que a segunda, tem a rara virtude do equilíbrio. Confortável em viagens com garupa, transmite muita imponência e firmeza na estrada.
TOCADA
Relaxe. Coluna ereta, pés à frente, banco macio e confortável, som ligado em alto volume: open road. É, a ideia é boa.
★★★★
DIA A DIA
É grande demais. Além de os alforjes rígidos não serem removíveis, a "asa de morcego" frontal também é larga.
★★
ESTILO
Vestida a caráter, tem muita personalidade e tradição. Tem um pouco cara de moto antiga, mas seu público, fiel, parece gostar disso.
★★★★
MOTOR E TRANSMISSÃO
O torque é brutal e permite viajar a 160 km/h sem estresse - e com poucas mudanças de marcha. Precisa mais? A correia de transmissão é limpa e silenciosa.
★★★★
SEGURANÇA
É chamativa, e é bom ser visto ao dividir a estrada com carros e caminhões; excelentes freios, com ABS de série; pneus bons; sistema de alarme moderno. Resumo: estrelas máximas.
★★★★★
MERCADO
Prestigiosa, tem valor técnico e de marca, emocional. Seus aficionados parecem até aguardar que uma seja posta à venda.
★★★★
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